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Sobre balas de borracha e gás lacrimogêneo

  • por Frispit
  • em Sem categoria
  • — 24 jun, 2013

DSC_8097nnA temperatura cai para 9º graus enquanto os manifestantes se espalham pelo pátio da Prefeitura e pela Rua Alfredo Chaves, entre a Dom José Barea e Os Dezoito do Forte. A chuva, contudo, deu uma trégua. Aqui, o contraste de ideologias se torna quase paradoxal: enquanto grupos erguem cartazes anarquistas, uma bandeira com a imagem de Che Guevara é hasteada no mastro do pátio.

Rojões são atirados contra o prédio e contra a tropa de choque. De repente, o barulho de vidro sendo estilhaçado absorve todos os outros sons ao redor. Alguém atirou uma pedra contra as vidraças da Prefeitura. É o que bastava. Em menos de um minuto, a polícia montada e a tropa de choque se mobilizam. A primeira bomba de gás lacrimogêneo é lançada – exatamente em cima de um grupo de manifestantes que, em repúdio ao ato de vandalismo, havia se sentado no chão pedindo pela não violência.

A ardência do gás força que a multidão se desloque para longe do edifício. Boa parte da imprensa e daqueles que pediam pela paz se reagrupa na esquina da Alfredo Chaves com a José Barea. A maioria dos outros manifestantes fica na Chaves, na altura do Parque dos Macaquinhos. O resto do grupo, formado principalmente por indivíduos com o rosto coberto, encontra-se na Rua Carlos Giesen, ao lado do Zaffari.

PARTE 2 2Ali, uma van estacionada é depredada, seu conteúdo saqueado e por fim incendiada. Alguns dos próprios manifestantes se organiza para apagar o incêndio. Fogo também é ateado contra um ponto de táxi na frente do supermercado. Prédios são pichados. A tensão e os atos de hostilidade contra a polícia crescem. A tropa de choque avança em um bloco sólido: mais uma bomba de gás é lançada e começam os disparos com tiros de borracha. Nova correria. Todos na Carlos Giesen dão a volta na quadra e se juntam ao resto dos manifestantes que ainda se encontram na Alfredo Chaves.

Há validade nesse tipo de comportamento por parte dos ativistas no contexto dos protestos? “O vandalismo é resultado de uma angústia de uma população oprimida que vê nessa forma uma maneira de extravasar contra a opressão”, explica Marcelo Wasserman, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da UCS. O aluno de Jornalismo Vagner Barreto acha que o vandalismo pode sim ser um ato político, mas discorda do rumo que essa ferramenta tomou no país: “No contexto em que ele está se apresentando, acho algo inválido, é apenas para manifestar raiva”. O coordenador do curso de Jornalismo da UCS, Álvaro Benevenuto, encara a questão com menos tolerância. “Vandalismo nunca é válido. As manifestações pacíficas são manifestações que conquistam. Nós conseguimos eleição direta para presidente e derrubamos o Collor sem violência”, conclui.

Debates à parte, o novo aglomerado na Alfredo Chaves se organiza. Enquanto a tropa de choque bloqueia a rua na altura da Prefeitura, manifestantes começam uma fogueira com cartazes e entulho encontrado nos arredores. Outro grupo estoca pedras, a serem atiraras contra a polícia. Alguém começa a destruir uma muda de árvore – seu objetivo é arrancar a tábua que sustenta a planta para alimentar o fogo. Em coro, os presentes começaram a xingá-lo. “Isso não é anarquismo!”, grita um ativista. Ele se retira e a planta sobrevive.

PARTE 2Depois de vários minutos, um coquetel molotov é lançado, mas cai longe de tropa de choque. Passam-se vários minutos, até que a polícia montada avança, amparada por novos disparos de tiros de borracha. Os manifestantes são empurrados até a Sinimbu. Nas escadarias do banco Santanter, na esquina da Alfredo Chaves com a Sinimbu, um homem é violentamente imobilizado pela polícia e preso. Um contêiner de lixo seletivo é incendiado. Novamente, o fogo é contido pelos próprios manifestantes.

 

O caos reina

São aproximadamente 20h30 agora. Os ativistas remanescentes voltam para a Praça Dante. Começa a chover. Uma barricada de contêineres de lixo é formada na frente do banco Banrisul, na Sinimbu. Eles são incendiados. Novas pichações são feitas e a vitrine do Banco do Brasil é apedrejada. A vitrine da Joalheria Kaiser também é atacada, e alguns tentam destruir sua porta com intenção de saque.

Subitamente, prédios residenciais ao redor da Praça também começam a ser apedrejados. Os mesmos moradores que antes declaravam apoio ao protesto de suas janelas, agora são atacados. “Tem que quebrar os bancos, não as casas”, grita alguém na multidão que se encontra na parada de ônibus próxima da Catedral. “Isso é progresso, isso é revolução”, responde um dos responsáveis pelos ataques.

Carol Parte 1 - 2Tendo em vista os novos rumos da manifestação e da escalada de violência, a tropa de choque agora avança sem piedade. São aproximadamente 21h30 quando a energia da Praça e dos arredores é cortada. Na escuridão, a polícia avança disparando bombas de gás e balas de borracha à esmo. Os últimos remanescentes descem em desespero a Avenida Júlio de Castilhos no sentido São Pelegrino. Vitrines são apedrejadas e pichadas sem critério. Na confusão, um homem é atropropelado, mas rapidamente se levanta e continua correndo. Viaturas da Brigada Militar já estão posicionadas em frente ao Hospital Pompéia. Lá, dois homens que tentavam saquear a loja Fedrizzi são presos. Aos poucos, os últimos agrupamentos se dispersam ou são detidos. Saldo final da Brigada: três feridos, entre eles dois policiais, e 22 presos, a maioria supostamente vinda de Porto Alegre.

Normalidade aparente

São 23h30min. Sopra um vento forte. A energia na área central já foi restabelecida e as ruas estão limpas. Algumas vitrines foram remendadas com placas de compensado. Algumas até já tiveram seus vidros trocados. Poucos policiais são vistos. Um transeunte desatento poderia dizer que nada havia acontecido ali há poucas horas. Novos protestos já foram agendados para os próximos dias. Certo ou errado, o que vem pela frente ninguém pode prever.

 

A Frispit WebTV também esteve na manifestação. Você pode conferir sua cobertura aqui.








 

Texto: Pedro Rech

Fotos: Carolina Luchese

Hugo Araújo

Mayara Bergamo

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