Pelo direito à expressão
Liberdade de imprensa e publicidade na América Latina foi o tema da palestra ministrada ontem pelo publicitário Pablo Braña na terceira e última noite da II edição do Fórum de Comunicação da UCS. Presidente da Publimen e da ALAP, na Argentina, Braña enfatizou ao público a questão da realidade da imprensa no país vizinho e a comparou com a realidade brasileira.
A Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias aponta uma crescente restrição do atual governo argentino à liberdade de imprensa. Segundo Braña, ações de repressão no país que atingem também o publicitário incluem conferências nas quais não há espaço para perguntas, redução da importação dos insumos (como papel para impressão), privilégio de publicidade governamental a partir da compra de meios de comunicação por meio de empresários afiliados à política e proibição de publicações de anunciantes. “Tais ações restritivas também afetam a economia”, afirmou o publicitário. Braña também acrescentou que a alienação é o pior fenômeno que pode ocorrer por parte das pessoas nesse contexto: “Temos que identificar essas situações para poder sair delas”, declarou.
O publicitário explicou que mesmo com a existência de veículos de comunicação de esquerda e de direita, a tendência é que a maioria deles não se volte contra o governo, pois correm o risco de perder a concessão (direito à exploração de serviços de utilidade pública). “Todos os empresários que falam contra o governo da Argentina na imprensa são passíveis de inspeções impositivas”, revela. Sendo assim, Braña observa que é inevitável a maior parte dos meios comunicativos trabalhar sobre o crer, enquanto que uma minoria de opositores se detêm sobre o saber. “A verdade é manipulada, distorcida, mas para contos existem livros e filmes”, pontua o publicitário. Ao concluir a palestra, Braña deixa à plateia a seguinte mensagem: “Lutem e mantenham a liberdade que ainda existe no Brasil, aproveitem as oportunidades. Existem saídas que não são imaginadas, mas existem. Elas esperam por alguém que seja capaz de criá-las”.
Pablo Braña é cofundador da Conquista, rede latino-americana de agências de publicidade. Foi jurado e conferencista em festivais internacionais. Em 2006, foi presidente internacional da ALAP. Estudou publicidade na Associação Argentina de Agências de Publicidade. Pós-graduado em negócios pela escola internacional IAE. Atualmente, é presidente do capítulo Argentino da ALAP.
Confira também como foi a primeira noite do evento, com a palestra de Pedro Luiz Dias, diretor de comunicação social da General Motors no Brasil, ao clicar aqui. A cobertura da segunda palestra, com Nemércio Nogueira, jornalista consultor e diretor do Instituto Vladimir Herzog, pode ser lida neste link.
Texto: Lucas Borba
Imagens: Hugo Araújo