O pós-eleições no Brasil transformou as redes sociais
Esta reportagem faz parte do projeto dos alunos da disciplina de Jornalismo Online, que busca aprimorar os conhecimentos acerca do fazer jornalístico na Web.
Após as votações foram presenciados muitos casos de preconceito na internet, qual a sua opinião?
O final das eleições no Brasil não foi marcado apenas pela reeleição para presidente da candidata do PT, Dilma Rousseff. O que roubou a cena da vitória apertada de Dilma foi o mundo virtual, onde atos racistas e preconceituosos foram sendo percebidos após a divulgação do resultado final, no último dia 26, principalmente contra nordestinos. Nós, da turma de Jornalismo Online da UCS, demos uma volta na instituição para coletar opiniões sobre o assunto e ainda uma futura previsão sobre o que pode acontecer nos próximos pleitos no Brasil.
No Chalé Pub, o funcionário Anderson Daponte, de 23 anos, diz que como não acompanha política, os resultados das eleições não mudaram nada para ele. Sobre os posts preconceituosos nas redes sociais, Daponte comenta: “Daí é questão de opinião, cada um expressa da maneira que quiser, mas eu já acho que nada a ver, cada um tem o direito de votar em quem acha melhor”. Porém, a forma de expressão de muitos internautas pode virar inquérito na Polícia Federal. Como duas páginas denunciadas pela Ordem dos Advogados Brasileiros, a OAB.
Segundo a ONG Safernet Brasil, que monitora e recebe denúncias de crimes virtuais, o número de páginas racistas ou preconceituosas cresceu 342,03% após o segundo turno das eleições. Em números, 305 novas comunidades em redes sociais ou sites foram criados, contra 69 do primeiro turno. Esses são números vindos de queixas; se existisse um monitoramento também de posts os dados poderiam ser maiores. A estudante Andressa Marques relata que se sentiu muito mal ao utilizar as redes sociais no pós-eleição, mas que aproveitou o momento para fazer uma “limpa” dentro do Facebook. Andressa explicou ainda que acredita que a disputa eleitoral acabou não sendo um combate de ideias, o que a leva a acreditar que o país precisa mais do que nunca de uma reforma política.
Quando se trata de mídias sociais, o campo se torna muito abrangente, assim como a política, principalmente no caso do público jovem. O aluno do Cetec, Carlos Eduardo, de 15 anos, não concordou com o resultado das votações, e nem com o preconceito nas redes. Porém, ele declarou que de certa maneira achou injusta a “combinação” do nordeste em ter a maioria de votos no partido da presidente.
Daqui quatro anos, novas eleições devem movimentar o Brasil e a previsão é de uma nova disputa acirrada. Todos esperam que não exista mais o preconceito que foi visto nas redes sociais. O coordenador do mestrado em história, Roberto Radünz, diz que o resultado das eleições foi a consolidação de um quadro com estabilidade econômica e a preocupação de questões sociais. Radünz também comenta que as manifestações na internet já vinham de um processo pré-eleitoral, em que o resultado foi o ponto chave para culminá-las, principalmente as mais radicais. O coordenador ainda diz que algumas são preocupantes, pois pedem a separação do Brasil, que segundo o professor é normal que dê tempos em tempos isso volte. Porém, é necessário ficar atento, pois dessa vez elementos como intolerância racial e étnica estão entre os motivos.
Além das razões citadas, Rabünz comenta que o grande número dessas opiniões se deve ao momento em que estamos vivendo, em que a era digital possibilita que seja externado o que estava guardado dentro de cada um, sem maiores preocupações sobre as consequências. Para as próximas eleições, o professor prevê que tudo depende da situação em que os projetos de governo vão se encontrar, como a transferência de renda que pode passar por um esgotamento, transformando assim a alternância do governo muito possível.
Se você presenciou ou sofreu com atos preconceituosos na internet, não apenas nas eleições, a Polícia Federal tem uma repartição especial que recebe denúncias: crime.internet@dpf.gov.br.
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Texto: Bruno Tomé e Luiz Schmitz
Fotos: Luiz Schmitz