O bom velhinho: ao vivo e em cores
O Frispit entrou em contato com o Papai Noel. E não, não foi por meio de uma carta enviada ao polo norte. Em uma entrevista realizada pessoalmente, Pedro Chimello Neto (60), contou suas histórias de Natal. Esse é um Papai Noel diferente: ele tem um trenó tropical, e seu traje é bordô, não vermelho. Explica-se: o trenó, feito a partir de uma Brasília modificada, é high tech, com direito a luzes leds e teto conversível (que ainda não saiu às ruas devido à burocracia de emplacamento, que tenta ser obtido desde 2010. Confira reportagem no Jornal Pioneiro). E o terno bordô é em homenagem a São Nicolau, a origem do mito do Papai Noel.
Porém, as diferenças para com a idealização da imagem do bom velhinho param por aí. Afinal, a barba e o cabelo, de branco alvíssimos, e até mesmo o perfil corporal, encaixam perfeitamente com o original. A tranquilidade com que fala, e a paciência com todos, sobretudo com as crianças, também denotam a sua vocação.
A ligação de Seu Pedro com o Papai Noel se iniciou de uma maneira singela. “Comecei numa lojinha no bairro Cruzeiro. Gostei muito, achei legal ganhar os abraços das crianças”, relembra. Em 1999, o shopping Iguatemi convidou Seu Pedro para participar de uma propaganda.
Após esse convite, sua carreira como Papai Noel se consolidou. Ele trabalhou por diversos anos no Iguatemi, depois se mudou para o shopping Prataviera, e há cerca de três anos foi novamente contratado pelo Iguatemi. Ali, Seu Pedro exerce o turno das 16h às 22h. Essas experiências lhe proporcionaram andar de helicóptero e limusine pela primeira vez, pois a chegada do Papai Noel é um evento especial. E lhe deram também uma certeza: “Agora encarnei o Papai Noel e não vou mais de jeito nenhuma abandonar”.
Histórias de Natal
Engana-se, contudo, quem acha que para ser Papai Noel no shopping basta sentar na cadeira, tirar fotos com as crianças e distribuir balas e pirulitos. “Tu tem que ser de tudo um pouco: meio psicólogo, psiquiatra, conciliador.” O que mais toca Seu Pedro são as crianças que não pedem presente, e sim que os pais voltem a morar juntos após a separação.
A Psicologia também entra em ação quando é necessário aconselhar as crianças a deixar de chupar bico, afinal, uma das tradições natalinas é entrega-lo ao Papai Noel em troca de um presente. Seu Pedro afirma que procura conversar, e assim 95% deixam o hábito. “O bico é como uma pessoa viciada em cigarro”, diz.
Não é só nos shoppings que Seu Pedro presencia essas histórias. Além de trabalhar em festas que ocorrem na véspera de Natal, ele expõe o seu lado mais solidário todos os anos, ao distribuir presentes para cerca de 400 crianças carentes em uma escola previamente selecionada em Caxias do Sul.
Para o futuro, o plano de Seu Pedro é ainda mais ambicioso do que doar brinquedos, ou construir um trenó. “Quero ter a casa do Papai Noel. Tudo indica que vai ser em Ana Rech”. Um dos objetivos desse projeto é proporcionar um local em que as pessoas possam realizar doações de brinquedos, tantos novos quanto usados. “As pessoas têm coração bom. Vai faltar espaço pra isso”, garante.
Veja abaixo fotos da carreira de Seu Pedro como Papai Noel. E, no vídeo, confira mais histórias de Papai Noel, na entrevista que a Frispit TV fez com outro personagem importante no cenário caxiense, Setembrino Silveira de Camargo.
Texto: Sabrina Didoné
Fotos: Arquivo Pessoal/ Pedro Chimello Neto