Não é apenas uma capa
A aluna do curso de Jornalismo, Gabriela Aurora Rosseti apresentou, no segundo Semestre de 2012, a monografia “Construção da Imagem da Mulher: análise de capas da revista Claudia”. Nela, procurou analisar as capas de revistas femininas – principalmente da revista Claudia – sob a ótica barthesiana.
Gabriela afirma que a primeira ideia sobre o tema da monografia foi tratar de um assunto que envolvesse a mulher e o jornalismo, “como consumidora de revistas femininas via uma relação de troca entre a mulher e a revista, como se uma pautasse a outra, principalmente nos quesitos estética e comportamento”, então resolveu escrever sobre como a imagem da mulher se modificou ao longo dos anos, juntamente com as revistas.
Segundo Gabriela o público feminino é o que mais compra revistas no Brasil e as femininas são as mais procuradas entre um universo bastante variado “a imprensa feminina é pouco estudada nos cursos de comunicação aqui no Brasil, e acredito que é um campo que merece mais atenção”, afirma.
Para ela, a produção da monografia foi tranquila, apesar da falta de referenciais bibliográficos sobre o tema “quando decidi escrever sobre a construção da imagem da mulher, precisava me basear na bagagem histórica do universo feminino. Então, eu e minha orientadora conversamos para definir qual a revista que eu iria escolher para analisar”, nessa conversa, a aluna e a orientadora Marina Chiapinotto optaram pela revista Claudia por duas razões: primeiro porque é a mais antiga do país no segmento e segundo porque a linha editorial não sofreu mudanças drásticas ao longo do tempo. “A capa é uma mídia visual que seduz o leitor, fazendo com que ele consuma o produto jornalístico”, por isso a escolha do tema.
Por meio do trabalho, Gabriela concluiu que as revistas femininas podem sim influenciar o comportamento da mulher. Ela analisou uma capa por década, (desde os anos 60 até os anos 2000) nesse processo, percebeu que as capas retratavam as expectativas que a sociedade tinha tanto das ações como do pensamento das mulheres nessas épocas “quando a revista propõe a conquista da liberdade feminina, estimula a independência financeira e sexual, porque ao tratar de moda e beleza faz com que a mulher continue dependente do olhar masculino”.
Destaca ainda a importância da semiótica no processo de absorção das informações contidas nas capas. “Ela faz com que o leitorado absorva os códigos contidos nela, mesmo sem se dar conta. Esse trabalho associativo pode ser feito ou não, ou ser feito parcialmente e inconscientemente”. Outro fator importante afirmado por Gabriela é o fato de a revista ter nome de gente e dar conselhos às leitoras, construindo uma relação de amizade e cumplicidade. Ela conta, ainda, que o jornalismo de serviço é o que mais está presente no material estudado.
Mas o que é preciso para tirar nota 10 no trabalho? Gabriela diz que o principal é o controle da ansiedade: “Encarei a monografia como mais um trabalho da faculdade e não como um bicho de sete cabeças como muita gente encara. Não fiquei me estressado durante a produção, pensando na quantidade de livros que tinha pra ler, nem no quanto tinha para escrever. Até porque se eu me preocupasse seria pior, acho até que essa preocupação excessiva atrapalha e atrasa”, afirma. Ainda sobre a produção, ela conta que não escrevia todos os dias e que não se cobrava tanto quando estava cansada “com certeza rendia muito mais tirar poucas horas por dia e produzir um conteúdo bacana do que virar noites e não sair nada com nada”.
Muitos estudantes envolvidos no processo de produção do trabalho final de curso falam que “não há vida durante a monografia”, Gabriela discorda “eu posso dizer que não deixei de fazer nada em função da monografia. Claro que alguns momentos de lazer diminuíram, deixei de sair algumas vezes para produzir. Mas como disse antes, meu fim de semana não era exclusivo para o TCC, eu curtia, saía, descansava, viajava também”. A escolha do orientador é outro fator importante no andamento do trabalho. A aluna conta que a orientadora cobrava qualidade e não quantidade de páginas, e que também a auxiliou no entendimento de que pesquisa e excesso de preocupação não combinam.
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Texto: Mayara Bergamo
Imagem 1: Foto Itália
Imagem 2: reprodução/Revista Claudia; outubro de 1961
