Foco no futuro
Assim como os demais cursos da Comunicação Social, o mercado de trabalho da Fotografia também é uma incógnita, e tem grande espaço nas discussões acerca do curso. Foi com base nisso e em diversas outras ramificações que nesta manhã, 06, aconteceu um bate-papo no Estúdio de Fotografia do Bloco T. Liliane Giordano, Mauro Stoffel, Pepe Pessoa e Portus Júnior comandaram uma conversa onde falas sobre experiências próprias e conselhos eram alternadas.
A fotógrafa Liliane Giordano destaca, primeiramente, que “para ser um bom profissional é preciso focar em alguma área”. As possibilidades são inúmeras: fotografia de moda, natureza, casamento, etc. O que importa, segundo Liliane, é que quando se volta a atenção para um aspecto específico, a dedicação aumenta, e a técnica é aprimorada.
O professor e jornalista Portus Júnior definiu um viés para sua fala: o fotojornalismo. Ele conta que acha interessante o fato de que, ao longo dos anos, a arte da Fotografia mudou, mas que ao mesmo tempo continua com aspectos idênticos. Portus usa a mudança dos conceitos no fotojornalismo para exemplificar sua ideia. Segundo ele, há alguns anos, o fotojornalista registrava os fatos “de qualquer jeito”. Portus explica que no âmbito da Fotografia, os jornais adquiriram um aspecto de pesquisa, portanto, além de ilustrar o fato tal como ele é, a fotografia também deve ser pensada e montada.
O professor também comenta sobre as questões de tratamento de imagem. De acordo com ele, o photoshop e demais programas que possibilitam fazer drásticas alterações na imagem deixou alguns fotógrafos na zona de conforto, os quais muitas vezes não se empenham na boa composição de uma imagem devido à segurança da ideia de que haverá a tecnologia para “consertá-la”.
Negócio e paixão
O fotógrafo e maquiador Pepe Pessoa se fez presente novamente na Semana Acadêmica. Ele conta que começou na Fotografia através do mundo da moda e da maquiagem, pelo qual ele é fascinado. Pepe discursa sobre a valorização do artista. “Todo artista é um vendedor de sonhos”, comenta. Sendo assim, de acordo com Pepe, um fotógrafo precisa ser, antes de tudo, apaixonado pelo que faz. Ele também aconselha que os alunos transitem por várias esferas temáticas e conceituais da Fotografia antes de se especializarem. “Não basta ter uma ideia legal, é preciso estar em constante pesquisa”, comenta Pepe, que assume ter uma mente hiperativa e pavor de “fotógrafos sonolentos”. O fotógrafo e maquiador ainda comenta sobre a essencialidade dos estudantes abandonarem o medo de expor seus trabalhos. “Cada fotografia é uma dádiva, pois contém um olhar peculiar”, afirma.
O fotógrafo Mauro Stoffel deu segmento ao bate-papo, porém, sua fala abrange majoritariamente o planejamento dos negócios. Ele comenta que um dos maiores erros dos fotógrafos que ingressam no mercado de trabalho é o preço. Segundo ele, é necessário estar ciente do preço de equipamento e convertê-lo para o preço de cada fotografia. Stoffel afirma que o cliente também tem uma parcela de culpa, uma vez que é comum que eles optem pelo preço, e não pelo fotógrafo.
Stoffel também comenta sobre a mania que os estudantes têm de “jogar seus sonhos para longe”. “Esqueçam aquela história de ‘um dia eu vou…’, estabeleçam metas a curto prazo”, aconselha. No âmbito dos negócios, ele enfatiza que a prática do planejamento deve ser tão exercitada quanto a criatividade.
O coordenador do curso de Fotografia, Edson Corrêa, também estava presente no bate-papo, e ao final de uma série de dúvidas dos alunos e das falas dos convidados, fez algumas contribuições. Edson une todas as falas em uma só ideia, que serve como base para as diferentes perspectivas de todos os fotógrafos que participaram da conversa: “A vivência acadêmica está fora da sala de aula”.
Texto: Diúlit Oldoni
Fotos: Hugo Araújo