Desafios e batalhas pela saúde infantil
O atendimento médico infantil em Caxias do Sul enfrenta dificuldades. Além da greve dos médicos que já dura quase seis meses, o número de pediatras não é suficiente para atender a demanda da cidade e de seus distritos. Atualmente, o atendimento público municipal conta com 63 profissionais.
A baixa procura pela residência em pediatria é um dos fatores que tende a agravar esta situação. Até 2010 as vagas para essa residência estavam sem ocupação. Este ano elas foram preenchidas mas, segundo o coordenador do programa de residência em pediatria do Hospital Geral, Petrônio Fagundes de Oliveira, este comportamento é atípico. O médico comenta que, devido à baixa procura pela especialidade ainda há vagas remanescentes na especialização em Terapia Intensiva Pediátrica, que é uma complementação da residência em pediatria.
A remuneração dos profissionais talvez seja uma das principais causas do desinteresse dos estudantes por essa área, já que o salário é considerado pequeno em relação a outras áreas médicas. Petrônio relata que a Sociedade Brasileira de Pediatria está em busca de uma valorização do profissional, porém os órgãos governamentais não respondem. Para a pediatra Neiva Damin da Sois a pediatria é uma profissão que não recebe a devida valorização, tanto em Caxias do Sul, quanto em nível nacional
Neiva trabalha em um escritório particular, onde a procura por consultas é grande. Ela também atende há dois anos e meio em um Postão 24 horas. Segundo a médica, a experiência de trabalhar com a saúde pública é válida, mas confessa que é um trabalho desgastante e com pouco retorno.
Hoje, a maioria dos pediatras se concentra nas capitais e opta pelo sistema privado. Segundo declaração do presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, José Paulo Ferreira, a causa não é somente a baixa remuneração dos profissionais dos postos de atendimento público, mas também a falta de estrutura e as más condições de trabalho.
Texto: Alana Bof
Foto: Claudia Velho