A ópera do dia a dia
Você já pensou em cantar ópera? E cantar ópera em meio a uma estação de metrô? O que pode parecer loucura para alguns é uma realidade em Montreal, uma cidade que, cada dia mais, eu tendo a acreditar que respira cultura. Para eles, arte não é entretenimento, é uma necessidade básica. Afinal, como se pode observar nas fotos, até as estátuas gostam de ler. Pois bem, mas vamos à ópera. Imagine um grande grupo de pessoas (mais de 100) reunido na entrada de uma estação de metrô. Nada de extraordinário até aí. Porém, olhando mais atentamente, você percebe que todos elas estão segurando um papel, com letras e notas musicais. E de repente, sob a regência de um maestro e embaladas pela sonoridade de um teclado, todas começam a cantar a ópera “Va pensiero”. E não deixam nem um pouco a desejar em termos de sincronia e melodia. Mas, o mais incrível de tudo, é que nem uma delas tem o canto como profissão. São pessoas comuns que resolveram participar da atividade Metropera, promovido pela Ópera de Montreal. Foi com isso que me deparei em plena quinta-feira a tarde: um verdadeiro espetáculo, feito por pessoas comuns, em meio ao metrô, principal símbolo da correria do cotidiano.
Pois é, mas nem só de surpresas boa se faz um intercâmbio. Essa semana também descobri que não são apenas os países em desenvolvimento como o Brasil que tem problemas com os transportes. O metrô de Montreal também enfrenta problemas com frequência, não sei exatamente por que motivos. E o mais incrível de tudo: nunca pensei que em um país como o Canadá eu iria ter que deixar 3 metrôs passarem por causa do excesso de pessoas. Simplesmente era impossível entrar. É claro, que isso acontece apenas nos horários de pico, como 8h30 da manhã, e não é tanta gente como em uma cidade como São Paulo. Mas mesmo assim, fiquei um pouco chocada.
Além dos prós e contras da linha ferroviária, minha semana também foi marcada por outros acontecimentos. Na sexta passada saí a noite com a minha roommate (companheira de quarto) e uns amigos dela. Fomos a dois barzinhos e depois, pasmem, voltamos para casa de metrô e caminhamos mais de 10 quadras, tranquilamente, de madrugada. A segurança aqui é impressionante. Em outro dia fomos dar uma caminhada às dez horas da noite, em um parque em frente ao nosso prédio, sem nenhum problema.
No sábado fui almoçar na casa de uma amiga da minha roommate que está voltando para o México e fez um almoço de despedida, na homestay onde ficou hospedada. Passamos quase toda a tarde lá, conversando. A família que hospedou ela é incrível. Eles conversaram com nós, em inglês, sobre os mais variados assuntos, desde arquitetura urbana até a segunda guerra mundial.
Eu também me despedi de mais uma amiga japonesa na sexta. Fui presenteada por ela com um lindo cartão postal, um origami e alguns doces japoneses.
Na escola de inglês, essa semana eu comecei minhas aulas em um nível mais avançado, em que a avaliação se baseia em apresentações de trabalhos. A outra novidade é que comecei a fazer aulas de ballet. Como eu fazia no Brasil, conclui que não ia conseguir ficar três meses sem fazer nem sequer uma aula de dança. Está sendo bem bom. Apesar de não ter tido muito turismo, minha semana foi bastante proveitosa. Em compensação, na próxima semana, minha mãe e tia virão me visitar. E isso quer dizer mais uma sessão intensiva de pontos turísticos. Até lá.
Na semana anterior…
Texto e fotos: Alana Bof